sábado, 18 de fevereiro de 2012

Visão Ecológica - Por Edson Paim & Rosalda Paim




Visão  Ecológica é a expressão cunhada por Rosalda Paim, quando da elaboração de sua Teoria Sistêmica de Enfermagem (1967/74) para denotar a visualização ou o estudo de quaisquer sistemas. mediante o prisma ou a perspectiva da Ecologia e, constitui uma etapa intermediária, utilizada para a elaboração, na esteira da Complexidade, do Pensamento Sistêmico Ecológico Cibernético Informacional (PSECI), o qual corresponde ao quadro de referência ou base filosófico da  sua "Teoria Sistêmica Ecológica Cibernética de Enfermagem.

A Visão Ecológica ou Perspectiva Ecológica constitui o segundo capítulo do  Livro SISTEMISMO ECOLÓGICO CIBERNÉTICO - UM PARADIGMA HOLÍSTICO, 4a. Edição - 2004 - 342 p., de autoria de Edson Paim & Rosalda Paim, o qual é apresentado a seguir: 




VISÀO ECOLÓGICA


visão ecológica é a percepção da realidade sob a ótica, sob o prisma, sob a perspectiva daEcologia.
No capítulo anterior, apresentamos o Sistemismo como o primeiro degrau da metodologia Sistêmica Ecológica Cibernética ou Eco-sistemismo Cibernético.
A Visão Ecológica constitui o segundo degrau do referido quadro de referência, como veremos no terceiro capítulo, intitulado Sistemismo Ecológico.    
         A par da utilização do enfoque sistêmico da Ecologia,  proposto no capítulo anterior, preconizamos a abordagem, simultânea, dos sistemas,  tanto sob os cânones do Sistemismo, como através do prisma da Ecologia, resultando daí, uma dupla perspectiva: Sistêmica e Ecológica..
             Recíproca e  simultaneamente,  advogamos o emprego  da abordagem do ambiente sob uma perspectiva sistêmica, com base nos cânones daTeoria Geral dos Sistemas (Sistemismo), além da sua óbvia focalização sob o prisma eminentemente  ecológico, surgindo, então, a Ecologia Sistêmica.       
Desta estratégia resulta a necessidade de utilização de um sistema discursivo ecológico na visualização dos sistemas e, vice-versa, a aplicação de uma linguagem sistêmica na descrição do ambiente dos sistemas, estratégia capaz de enriquecer, tanto o próprio estudo do sistema como o do respectivo ambiente.
O estudo de um determinado sistema, sem se considerar o ambiente que o envolve, se tornaria uma abordagem insuficiente, limitativa, fragmentária ou reducionista, tendo em vista que as condições ambientais que envolvem o sistema o afetam de modo significativo e, vice-versa.
Na verdade, o ambiente afeta o sistema, tanto quanto por este é afetado, "vivendo" ambos, em permanente interação recíproca.
Segundo Edgar Morin1“a nova teoria biológica, por mais incompleta que ainda seja, altera a noção de Vida. A nova teoria ecológica, por mais embrionária que seja, altera a noção de Natureza. A ecologia é uma ciência natural, fundada por Haeckel em 1873, que se propõe a estudar a relações entre os organismos e o meio, onde eles vivem.”
           O mesmo autor prossegue::
“Todavia, seja pelo fato da preocupação ecológica ter permanecido menor no conjunto das disciplinas naturais, seja porque o meio era concebido essencialmente como um molde geoclimático por vezes formativo (lamarckiano), outras vezes seletivo (darwiniano), em cujo seio as espécies vivem numa desordem generalizada e em que apenas reina uma lei, a do mais forte ou do mais apto, a verdade é que a ciência ecológica só recentemente concebeu a comunidade dos seres vivos (biocenose) num espaço ou “nicho” geofísico (biótopo), constituindo, juntamente com este, uma unidade global ou ecossistema. Porque razão sistema?
Ele próprio responde:
- “Pelo fato de que o conjunto das sujeições, das interações, das interdependências, no seio do nicho ecológico, constitui apesar e através de eventualidades e incertezas, uma auto-organização espontânea. Com efeito, equilíbrios criam-se e recriam-se entre índice de reprodução e índices de mortalidade. Estas regularidades, mais ou menos flutuantes, estabelecem-se partindo das interações.”
Apesar dos conflitos e antagonismos existentes entre os seres vivos e o ambiente, das associações harmônicas e desarmônicas (inter)intra-espécies, do funcionamento da cadeia alimentar, há um notávelequilíbrio ecológico, pois os ecossistemas possuem a capacidade deauto-regulação e auto-organização, determinado, enfim, pelo clima de cooperação e competição
“Há complementaridades que se estabelecem partindo das associações, simbioses e parasitismo, mas também entre comedor e comido, entre predador e presa, há hierarquias que se estabelecem entre as espécies; assim, da mesma forma que nas associações humanas em que não só as hierarquias, mas também os conflitos e as solidariedades se encontram entre os fundamentos do sistema organizado, a competição (matching) e o ajuste (fitting) são alguns dos fundamentos complexos do ecossistema. Através de todas estas interações, constituem-se os ciclos fundamentais: da planta ao herbívoro e ao carnívoro, do plancto ao peixe e ao pássaro: um ciclo gigantesco em que a energia solar produz o oxigênio, absorve o gás carbônico e une, por meio de mil retículos, o conjunto de seres do nicho ao planeta; nesse sentido o ecossistema é, por certo, uma totalidade auto-organizada. Assim, não era um delírio romântico considerar a Natureza um organismo global, um ser matricial, desde que não se esqueça de que essa mãe é criada por seus próprios filhos e de que ela também é madrasta, utilizando também a destruição e a morte como meio de regulação. 2
A destruição e a morte constituem mecanismos de “feedback”, ou cibernéticos, de regulação e controle da natureza, buscando permanentemente o equilíbrio ecológico, tudo a serviço dabiodiversidade.
Qualquer sistema persiste inserido em um ambiente, com o qual se relaciona (o ser e o ecossistema). Os sistemas só podem existir noambiente. Há apenas uma exceção: o único sistema sem ambiente é o próprio universo, pois não podemos conceber algo em seu entorno, constituindo, nesta acepção, um sistema fechado.
Um sistema de qualquer natureza, adicionado de seu ambiente, corresponde à totalidade douniverso.
“A ecologia ou, antes, a ecossistemologia (Wildem, 1972), é uma ciência que nasce, mas que já constitui uma contribuição primordial para a teoria de auto-organização do ser vivo e, no que diz respeito à antropologia, reabilita a noção de Natureza e, nela, enraíza o homem. A natureza já não é desordem, passividade, meio amorfo: é sim, uma totalidade complexa. O homem não é uma entidade estanque em relação de autonomia/dependência organizadora no seio do ecossistema. 3
A colocação da natureza como uma totalidade complexa, sanciona a nossa proposta da necessidade da existência de uma Ecologia Sistêmica, de igual forma que a imposição do surgimento de uma Biologia Sistêmica.
            Semelhantemente a todos os sistemas abertos que estabelecem constantes relações (estruturais, organizacionais e funcionais) entre todos os seus elementos componentes (subsistemas), o ecossistema só pode ser enfocado, também, como um sistema e, por isso mesmo, abordado sob uma visão sistêmica.
Todas as atividades de um sistema como ocorrecom  próprio ser humano, são relações de intercâmbios internos (intra-sistêmicas ou inter-subsistemas) e, também relações do todo com o seu exterior - ambiente, entorno, ecossistema - o que pode ser sintetizado como relações de trocas de matéria, energia e informações.
Esta tríade, em virtude de as informações serem sempre mediadas pormatéria e energia, poderia ser simplificada ou reduzida a dois termos (matéria e energia) e, em razão da unidade da matéria e da energia,seria possível empregar um só desses termos (matéria ou energia), entretanto, preferimos utilizar, sempre, a tríade: matéria, energia e informações, estratégia mais vantajosa, uma vez que, cada uma delas tem seu papel específico, atendendo melhor ás razões didáticas, à lógica, aos propósitos e finalidades deste trabalho.
Em virtude de que os intercâmbios entre osistema e o ambiente afetam a ambos mutuamente, seria considerado reducionista o estudo de qualquersistema que não abranja, também, o do seuambiente.
No intuito de sanar este caráter fragmentário, reducionista, propomos que, na abordagem de quaisquer sistemas, deva mos acrescentar, sempre, o exame de sua dimensão ambiental (ecológica), mediante a aplicação dos conceitos da Ecologia.
A ecologia, nos dias presentes, deve ser considerada em seu sentido mais amplo, abrangente e irrestrito, visualizando o próprio ambiente, como umsistema, estudando-o não só sob a abordagem ecológica, mas, concomitantemente, através doenfoque sistêmico, o que não só caracteriza como justifica nossa proposta de uma Ecologia Sistêmica.
Percebida e assimilada a Ecologia em sua dimensão atual,  a visão ecológica, aliada ao enfoque sistêmico, permitirá uma abordagem de natureza, ainda mais  abrangente, ao constituírem avisão sistêmica ecológica, referencial  obrigatório para o estudo das relações e interações dos sistemascom o ambiente que os envolve e vice-versa.
Esta perspectiva é, sobretudo, imprescindível, quando se aborda a complexidade do sistema humano e de seus metassistemas (família, comunidade, sociedade).
            Segundo Pierre Aguesse,4” a par da sua concepção clássica, a ecologia deve "incluir o Homo Sapiens e suas atividades", pois "a ecologia não é mais apenas a ciência do naturalista, de vez que disciplinas  tão  variadas como o direito, a economia, a sociologia,  etc. devem estar incluídas no seu campo de investigação", resultando em verdadeira ciência o homem.
Uma visão ecológica do homem sugere o seu estudo, de maneira dissociada seu contexto sócio-ambiental, através da Ecologia Social
Para Bougley,5” a ecologia "antes era disciplina um tanto difusa e incoordenada que lutava para abarcar estudos como a fisiologia, a genética e a evolução".
Podemos incluir as atividades laborais comorelações ecológicas  (um aspecto da ecologia humana), pois se trata de uma ação do ser humanosobre o ambiente e/ou sobre outros sistemassituados, também, no ambiente, inclusive os outrossistemas humanos, cuja interação implica em afetação mútua e recíproca.
 Estas relações podem ser traduzidas comotrocas de matéria, energia ou informações entre otrabalhador e o ambiente, ou mais apropriadamente como uma transferência de entropia negativa(negentropia) do corpo humano para o ambiente de trabalho e/ou para o objeto trabalhado.
Hoje em dia, um processo de globalizaçãocrescente está curso, em escala planetária, nos diversos setores da sociedade, afetando todos os seres humanos, indistintamente, principalmente os trabalhadores e os segmentos mais discriminados da sociedade, em virtude da maior dificuldade para adaptação às condições de mudança.
globalização estabelece um sistema de “vasos comunicantes” entre todos os processos sociais, sobretudo de natureza cultural, política e econômica. Este fato vem reforçar a necessidade e está, mesmo, a impor uma mudança de paradigma e uma nova abordagem da realidade.
globalização é conseqüência lógica da evolução e rapidez dos meios de transporte, do desenvolvimento dos processos de comunicação, da transmissão instantânea das informações e, da informatização de variados setores da sociedade, tudo em nível planetário.
Este fenômeno avança a cada dia e veio para ficar, para permanecer, por isso, teremos de assimilar aglobalização, com as suas virtudes e seus efeitos colaterais, queiramos ou não, já que ela constitui uma realidade, quer seja ou não de nosso agrado.
Não adianta permanecermos à maneira de um cachorro que late diante da lua ou tomar atitude de avestruz, enterrando a cabeça na areia, diante do vento. 
Em face deste processo globalizante, oambiente ou ecossistema em que o homem vive tem dimensão planetária: a aldeia global referida porMcLuhan11.
Em relação aos efeitos danosos da era daglobalização, um dos antídotos é o conhecimento e a utilização do Sistemismo e das metodologias dele decorrentes, o que se torna, cada dia, mais necessário, a fim de melhor entender esse processo globalizante e, conseqüentemente, lutar contra suas conseqüências nefastas e capacitando-nos para, ao mesmo tempo, aproveitarmos as suas potencialidades benéficas, entre as quais se destaca os projeto de inclusão digital que permitirá a universalização do acesso às informações pelos setores mais oprimidos da sociedade, como instrumento de ascensão social.   
  .A Teoria Geral dos Sistemas12(Sistemismo) e o Sistemismo Ecológico Cibernético se credenciam como teorias da globalização e, por isto afirmamos que desconhecê-las é se tornar incapacitado para aceitar a inexorabilidade desse processo, para compreender as suas repercussões e atuar em função da possibilidade de evitar seus efeitos danosos.
Seus reflexos se fazem notar no sistema antropossocial, como um todo, no futuro das empresas e, na vida de cada ser humano, impedindo-lhes de usufruir as suas potencialidades benéficas e de se expressar em toda a plenitude.
Sistemismo, estabelecido há meio século, foi capaz de prever o surgimento desta nova realidade e pretendeu representar uma etapa decisiva na construção e evolução de um referencial capaz de corresponder às necessidades dos tempos modernos.  
Esta metodologia, reforçada através da contribuição da Cibernética e da Teoria da Informação, enfatiza o equilíbrio dos sistemas,entre os quais o do corpo humano, enquanto ampliada pelo concurso da Ecologia, extrapola o âmbito do sistema, para abranger, também, oambiente (sistema ambiental), em que o sistemaem causa está inserido.
Ao longo do processo VIDA, o estado deequilíbrio, a homeostasia, a saúde, seria uma condição natural do ser humano, enquanto que o fenômeno doença representaria, simplesmente,  intercorrências, em determinados instantes da sua trajetória vital.
O evento patológico corresponde à resultante dos efeitos, concomitantes, de potencialidades genéticas e de inadequadas relações ser humano com o ambiente,que podem ser traduzidas por impróprias relações de intercâmbio de matéria, energia e informações entre o sistema humano e o ambiente em que vive.
            Atualmente, as condições ambientais se deterioram progressivamente, mercê das ações deletérias do homem sobre o ambiente, resultante, dentre outras causas, da voracidade econômica, provocando a destruição da natureza e minimizando, quase sempre, os dispêndios com medidas de sua conservação e com atividades de saneamento básico.
O saneamento básico representa o “primo pobre” das obras de infra-estrutura, por aparecer menos que as pontes, as  estradas e os hospitais, não têm merecido a necessária atenção dos administradores, apesar de seus enormes dividendos auferidos pela população, expressos por benéficos reflexos, principalmente, no âmbito da saúde pública.    
As referidas condições são potencializadas pela ausência ou insuficiência de outras providências profiláticas e de ações controladoras da poluição, provocando a degradação do ecossistema, condições agravadas por inadequada consciência ecológica,individual e coletiva.
Sistemismo preconiza uma visão ouabordagem sistêmica dos elementos constituintes da realidade, inclusive, do próprio homem (sistema humano).
Com fundamento nas idéias expostas, apresentamos três dentre osPrincípios do Sistemismo Ecológico Cibernéticoobjeto deste livro:

    1 - Princípio da Universalidade Ecológica


  A abordagem de quaisquer sistemas - físicos, biológicos, tecnológicos e antropossociais - deverá, necessariamente, abranger a focalização de seus metassistemas e do ambiente em que se acham inseridos, mormente as referentes às relações de trocas de matéria, energia e informações entre o sistema e seus subsistemas  e, de  ambos com o ambiente.

homem, ao transformar o ambiente, mudou, também, de maneira acentuada e drasticamente, o espectro nosológico.
No passado, as doenças dependiam, além dos fatores genéticos, predominantemente, de condições preexistentes na natureza (ambientes físico e biológico), que ainda condicionam variadas patologias, características das regiões subdesenvolvidas.
Presentemente, a etiologia das doenças está grandemente relacionada com fatores determinantes e condicionantes sociais (ambientes tecnológico e social), mais acentuadas nas áreas desenvolvidas, coexistindo, entretanto, ambas as condições, nas regiões em desenvolvimento.
Dos grandes flagelos que assolam, presentemente, a humanidade inteira, inclusive os habitantes dos países desenvolvidos, dois, antagônicos se destacam, pela amplitude e conseqüências: de um lado a desnutrição, a fome crônica e, de outro a “hipernutrição” (obesidade), - esta, correspondente, de um modo geral, a uma  desnutrição qualitativa -ambas, de caráter endêmico e planetário.
Na verdade, a fome e a obesidade constituem duas enormes pandemias que atingem quase a totalidade dos habitantes da Terra, excetuando, apenas, uma pequena faixa intermediária (“bord line”) da população, passível de ser considerada em estado de higidez
 Com relação à hostilidade do ambiente, o ser vivente pode se comportar de uma, ou mais, das seguintes maneiras:
·         Adapta-se ao ambiente;
·         Transforma o ambiente;
·         Muda de ambiente ou
·         Sucumbe.
A introdução da visão ecológica neste trabalho decorre da importância dos efeitos do ambiente sobre todos os seres vivos e, sobre a totalidade dossistemas nele contidos, mormente, os que envolvem ohomem e à sociedade.
A enfatização da ecologia não se faz em detrimento do ser humano, como ocorre com determinado ecologismo vigente, através do qual, alguns “ambientalistas”, ou seja, supostos ecologistas, privilegiam o ambiente, em detrimento do homem.
 “A nova consciência ecológica deve mudar a idéia de natureza, tanto nas ciências biológicas (para as quais a natureza não passava de selecionadora dos sistemas vivos e não era ecossistema integrador desses sistemas) quanto nas ciências humanas (em que a natureza era amorfa e desordenada). Outra coisa que deve mudar é a concepção da relação ecológica entre um ser vivo e o seu meio ambiente. Segundo o antigo biologismo o ser vivo evoluía no seio da natureza, limitando-se extrair dele energia e matéria, dele dependia unicamente no que se referia a alimentação e suas necessidades físicas. É a Schrödinger, um dos pioneiros da revolução biológica, que devemos a idéia capital de que o ser vivo não se alimenta só de energia, mas também de entropia negativa. (Schrödinger, 1945), isto é de organização complexa e informação. Esta proposição foi desenvolvida diversamente e pode-se afirmar que o ecossistema é co-organizador e co-programador do sistema vivo que se encontra integrado nele (Morin, 1972). Esta proposição apresenta uma conseqüência teórica muito importante: a relação ecossistêmica não é uma relação entre duas entidades estanques; trata-se de uma relação integrativa entre dois sistemas abertos em que cada um é parte do outro, constituindo um todo. 13
            Há uma interação entre os sistemas vivos e osistema ambiental, constituindo um todo em que ambos se afetam mutuamente, correspondendo a um processo integrativo, em que um é parte do outro, formando, na realidade, um novo sistema de maior amplitude, de natureza mista: o sistema vivo/ecossistema. 
“Enquanto a Ecologia modifica a idéia de natureza, a etologia modifica a idéia de animal. Até então, o comportamento animal parecia ora comandado por reações automáticas ou reflexos, ora por impulsos automáticos ou “instintos”, ao mesmo tempo cego e extralúcidos, cuja função era satisfazer as necessidades de proteção, de sobrevivência e de reprodução do organismo. Ora, as primeiras descobertas etológicas indicam que o comportamento animal é, ao mesmo tempo organizado e organizador. Primeiramente surgiram as idéias de organização e território. Os animais comunicam-se, isto é, exprimem de um modo que é recebido como uma mensagem e interpretam comportamentos específicos como mensagens (Sebeok,1968).14
A influência constante e permanente doambiente sobre o sistema humano e seu comportamento, pode ser expressa pelo acoplamento do Enfoque Sistêmico com a Visão Ecológica, como se verá no Princípio da Ecologia Sistêmica, o qual consta do capítulo  III.
A expressão vulgar: “o homem é produto do meio” tem seu fundamento, desde que se lhe acrescente o outro fator,  preponderante, o seu patrimônio genético.
Com apoio nesta assertiva, formulamos o:

- Princípio Genético-Ambiental 


                     O ser humano é, em cada instante de sua trajetória existencial, a resultante dos efeitos de dois componentes: um  genético, expresso pelo conteúdo informacional (instruções codificadas em linguagem cromossômica), equivalente a um projeto inscrito no seu genoma e, outro, correspondente ao impacto ambiental sobre patrimônio genético, produzindo conseqüências cumulativas, cuja historicidade, acrescida dos resultados instantâneos desses fatores, em cada momento considerado, extrapolando para abranger o seu vir-a-ser, tudo sintetizado como o somatório cumulativo das conseqüências das trocas de matéria, energia e informações entre o organismo e o ambiente, ocorrentes no decurso de todo o processo “vida”, incluindo as potencialidades, os projetos e o devir desses intercâmbios.

                           -  Corolários:

            - O ser humano é, em determinado instante de sua trajetória existencial a resultante dos efeitos conjuntos da sua programação genética, expressa em linguagem cromossômica e, da história, adicionada da ação instantânea das trocas de matéria, energia e informações intra-sistêmicas e, do organismo, em sua totalidade, com o ambiente, incluindo, também, o seudevir.
- O homem é, em cada instante considerado, o seu passado, seu presente instantâneo e o seu futuro.
- O presente, o passado e, o vir-a-ser do ser humano estão na dependência das informaçõesarmazenadas no seu código genético e dos efeitos cumulativos (históricos, instantâneos e futuros), decorrentes das ações de trocas de matéria, energia e informações entre o referido ser e o ambiente. 
            Este Princípio poderia, também, ser designado como Princípio Genético (Histórico-Instantâneo-Futuro)-Ambiental.
            Ao encerrarmos este capítulo, insistimos em reafirmar o grande poder de síntese da Teoria Geral dos Sistemas 13, o que se torna evidente, ao permitir relacionar tudo que existe no universo em, apenas, quatro linhas de sistemas:
 - um sistema físico que vai do átomo ao Universo físico;
             - um sistema biológico  - desde o vírus até ao homem;
            - um sistema tecnológico - iniciando com a flecha (ou qualquer outro instrumento, mais primitivo ainda, para chegar aos engenhos espaciais);
- um sistema antropossocial - a partir da família até a sociedade planetária
            Com base nesta síntese, conclui-se que, dentro de uma perspectiva sistêmica da Ecologia, consideramos o ambiente, (também um sistema) que envolve o sistema, objeto de estudo ou de qualquer outro, como sendo integrado por elementos de cada uma destas linhas de sistema.
Isto equivale a conceber o ambiente, em sua totalidade, integralidade e abrangência, como constituído por elementos representativos das quatro linhas de sistemas referidas (ambiente físico, biológico, tecnológico e antropossocial), o que corresponde ao enfoque sistêmico da Ecologia e, permite caracterizar, assim, uma Ecologia Sistêmica.
enfoque sistêmico (Sistemismo), referido no Capítulo anterior e, a visão ecológica, tratada neste Capítulo, serão focalizados, conjuntamente, a seguir, sob a designação de abordagem sistêmica ecológica ou Sistemismo Ecológico, correspondente ao primeiro e ao segundo degraus do processo de elaboração da metodologia sistêmica ecológica cibernética informacional, abreviadamente, Sistemismo Ecológico Cibernético.

Todos os direitos reservados aos autores
copyright Ó by Edson N. Paim e Rosalda C.N. Paim

Diagramação: Marcos A. de Oliveira
Técnico em Informática

Dados Internacionais de catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

                Paim, Edson N.
                Paim, Rosalda C. N.
Sistemismo Ecológico Cibernético /  Edson N. Paim,  Rosalda Paim
                               Técnica: Marcos Antônio de Oliveira  - Lambari (MG);
                               Cel Informática & Editoração Ltda., 2004. 342 p.

                1 - Sistemismo Ecológico Cibernético - Um Paradigma Holístico  


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domingo, 6 de maio de 2007

ECOLOGIA VERSUS "AMBIENTALISMO"

Vida Real - J.R. Guzzo - O vilão é o Brasil, seja qual for o crime - Antes, os ambientalistas acusavam o país de produzir alimentos de mais, devastando a Amazônia.

Agora, dizem que a febre do etanol fará com que produza alimentos de menos. Assim fica difícil. (EXAME – SINOPSE RADIOBRÁS)

Agronegócio - Comida x combustível - No mundo, a produção de energia tira espaço dos alimentos no campo e recoloca o Brasil no injusto papel de vilão ambiental.

(EXAME - SINOPSE RADIOBRÁS)

* Especial Etanol - A polêmica alimentos x energia tem algum sentido?

(EXAME – SINOPSE RADIOBRÁS)



Brasil - meio ambiente - Sem-terra, os novos vilões da Amazônia
Os assentamentos rurais entram na lista de fatores que mais contribuem para a devastação da floresta.

(EXAME - SINOPSE RADIOBRÁS)

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012


Cinco centenárias contam o 

segredo para uma vida longa

comentários

Trabalhar em algo que goste e manter uma alimentação saudável é o segredo para chegar aos 100 anos. Foto: AP
Trabalhar no que gosta e ter uma alimentação saudável é o segredo para chegar aos 100 anos
Foto: AP

Quatro vizinhas em um asilo nos Estados Unidos, todas centenárias, são questionadas o tempo todo: "Como você chegou aos cem anos"?. Esse raro grupo de cinco garotas de ouro diz que a chave para a longevidade é trabalhar duro em um emprego que você ame e tomar conta do seu corpo enquanto você está nele.
Apesar de haver um número estimado de 70 mil pessoas nos Estados Unidos com 100 anos ou mais, é incomum encontrar cinco centenárias vivendo no mesmo lugar. A média de vida dos norte-americanos não chega aos 80 anos. E a maioria das pessoas corta café, soda, álcool, cigarros para ter uma alimentação saudável.
"As pessoas me dizem o tempo todo, 'Eu não quero viver até chegar aos 100'", diz Mildred Leaver, que fez 100 anos em junho. Suas quatro amigas centenárias do asilo Rolla Presbyterian Manor balançam suas cabeças grisalhas concordando. Elas escutam a mesma coisa.
"Isso é triste. Envelhecer é atitude e eu não me sinto velha", diz Leaver, uma educadora aposentada. Não demora muito para ver que Leaver e suas vizinhas Mildred Harris, Grace Wolfson, Gladys Stuart e Iola Semas têm muito mais em comum que a longevidade os bons hábitos alimentares.
Apesar de sua visão e audição não serem mais como antes, elas todas não tiveram doenças das quais que muitas pessoas idosas são acometidas. Já se passaram 50 anos desde que Leaver venceu um câncer pela primeira e última vez.
O caminho comum que conecta essas mulheres são as décadas de serviço em funções que amavam, como fazendeira, designer, diretora de escola, contadora e secretária. Nos primeiros anos de suas vidas, mulheres empregadas ganhando dinheiro eram tão raras quanto as centenárias são hoje.
Wolfson diz que a carreira de 25 anos a ajudou a viver os cem anos e os melhores momentos de sua vida. A imigrante de Budapeste, Hungary, que fez 100 anos nesse verão, diz que ainda é artisticamente inspirada hoje. A arte dela está presente no asilo, onde uma festa foi feita esse mês em honra às cinco mulheres.
Harris diz que seu árduo trabalho na fazenda e a abundância de frutos e vegetais no quintal mantiveram-na firme. Ela também defende que não se fume."Eu vi meu marido tossir e tossir até ser morto por isso", diz.
A longa carreira como contadora manteve a vida de Semas balanceada financeiramente. Semas diz que ainda ama os números, especialmente quando ganha alguns em uma cartela de bingo.
Todas as mulheres dizem que a vida no asilo não era nada como elas esperavam. "Fazem um ótimo trabalho nos mantendo entretidas, ativas e aproveitando a vida", diz Stuart, uma secretária aposentada e a mais velha das amigas, com 101 anos.
Anita Carroll, 50, diretora do Presbyteriano Manor, diz que o estigma sobre asilos está mudando. "As pessoas não vêm aqui para morrer, elas vem aqui para viver", diz. Quando Leaver, a professora e diretora de escola entrou no asilo cinco anos atrás, Caroll instantaneamente a reconheceu: Leaver foi sua diretora no ensino fundamental. "Você cuidou de mim todos esses anos", disse Carroll quando Leaver se mudou para o asilo. "Agora eu vou tomar conta de você."
AP - Copyright 2007 Associated Press.